2 de fevereiro de 2009

A palavra da leitora Alice Rocha sobre
«O Malhadinhas»

Iniciamos hoje uma nova rubrica. Chamámos-lhe "a palavra do leitor" e pretendemos com ela partilhar opiniões sobre livros e/ou autores, ao sabor da vontade de quem lê e tem algo a dizer -nos sobre a(s) sua(s) experiência de leitura. Aproveitem!


Ao longo dos anos, como acontece habitualmente, tenho lido alguns livros. De muitos já não guardo qualquer memória; doutros sou capaz de me lembrar de forma mais ou menos vivida ainda ao fim de muito tempo; mas sempre que se fala de livros há um título que me salta imediatamente à memória – “O Malhadinhas” de Aquilino Ribeiro. Porquê? O que nos faz aderir de tal forma a um livro que nunca mais o esquecemos? É difícil explicar, há várias pequenas razões, que poderão fazer a diferença. Não vou aqui fazer uma análise literária da obra em questão, não é esse o objectivo destas notas, mas apenas apontar alguns factores internos e externos à obra que poderão ter feito a diferença.
O tempo em que o li, foi certamente um factor importante: era bastante jovem, totalmente disponível para aderir ao que me era apresentado. A nova realidade que me foi dada a conhecer (ou desvendada???), diferente da da região em que eu vivia, constituiu-se, sem dúvida, numa grande fonte de interesse: as tradições e a maneira de viver do interior, mais concretamente da Beira Alta - região quase desconhecida para mim; uma profissão desconhecida - O Ti Malhadinhas era almocreve; a descoberta do almocreve e da sua importância, enquanto elemento de ligação entre o litoral e o interior, não apenas no que se refere às trocas comerciais mas sobretudo à troca de “novidades”. Mas, acima de tudo, recordo a personagem principal - O Malhadinhas - um tipo vivo, rufião, alegre, sempre pronto para uma boa briga, exímio no jogo do pau, possuidor de uma grande sabedoria empírica, popular, ilustrada no recurso constante a provérbios e aforismos, aliada a sua capacidade par contar estórias prenderam a minha atenção enquanto leitora.
O nível de linguagem utilizado, português popular, foi também um desafio, porque muitos dos termos me eram desconhecidos, o que tornou as história ainda mais atraentes. Por tudo isto, as histórias que o Ti Malhadinhas me contou, ora trágicas ora cómicas, entrelaçadas na sua própria história, desfilaram diante dos meus olhos de uma forma tão viva que não mais as esqueci.

Maria Alice Rocha

(Ilustração: clicar na imagem para identificar a origem)

2 comentários:

Anónimo disse...

Aqui esta uma boa iniciativa... deveras interessante...:)

tominha ;)

BE ESMM disse...

Ora ainda bem que a nossa "comentadora oficial" gostou desta ideia! É que também os alunos podem/devem participar nesta rubrica... Ficamos à espera de contributos vindos desse lado! ;)