É com muita tristeza que aqui coloco, pela segunda vez este ano, a notícia da morte de um escritor português. Desta feita foi João Aguiar, que não pôde vencer um cancro e se despediu de nós e da escrita aos 66 anos de idade!
João Aguiar é autor de belíssimos romances, não só mas sobretudo de temática histórica, e, entre outras particularidades possui esta que muito aprecio: em páginas finais separa a verdade da ficção, aquilo que, nas suas sérias pesquisas históricas, pôde inequivocamente comprovar, daquilo que são apenas probabilidades ou que resulta de ousadas invenções suas. A esta honestidade, que vai sendo tão rara, associa uma escrita fina, irónica, límpida, que se lê com grande prazer.
De si terá dito, em 2005, no Jornal de Letras: “A minha vida não dava um livro, e ainda bem. Em compensação, o facto de os meus livros darem uma vida – boa ou má, não importa para o caso – , esse facto devo-o, em grande parte, aos momentos de não-glória que acabo de relatar. E estou-lhes muito grato”.
Ficam-nos os livros, cheios de outras vidas, que a sua vida deu. E a saudade do mais que não virá.
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