28 de junho de 2010

Cuidado com a língua! - 1



Iniciamos hoje uma rubrica que nos parece de grande utilidade, dando voz neste blogue a excertos do programa/publicação «Cuidado com a Língua!», da RTP que, de forma lúdica mas segura, nos ensina o Português correcto e nos previne contra ratoeiras que esta língua complexa e bonita nos arma a cada canto e esquina.

Erros, dúvidas, curiosidades, especificidades regionais, evoluções… um pouco de várias coisas, escolhidas entre aquelas que nos parece mais útil trazer aos nossos leitores, esclarecendo ou avivando a memória, conforme os casos, sempre com a garantia de fiabilidade dos autores do programa, os linguista e jornalista consagrados, Maria Regina de Matos Rocha e José Mário Costa.
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Começamos com um apontamento do capítulo “Língua traiçoeira” e com o maltratado verbo HAVER.
HAVER: VERBO IMPESSOAL
É frequente ouvir frases e expressões semelhantes às seguintes:
«As reuniões que houveram…»
«Se houvessem divergências doutrinárias, se houvessem divergências políticas de fundo, eu acho que estaríamos numa situação difícil».
«Apesar de não haverem candidatos credíveis…»
As formas correctas são:
«As reuniões que houve…»
«Se houvesse divergências doutrinárias, se houvesse divergências (…)»
«Apesar de não haver candidatos credíveis…»
O verbo «haver» no sentido de existir é impessoal. Quer dizer que se conjuga apenas na terceira pessoa do singular, independentemente de se lhe seguir uma palavra no plural.
A mesma regra se aplica quando o verbo «haver» está no infinitivo, conjugado com um verbo auxiliar. Nesse caso o auxiliar terá de ficar também na terceira pessoa do singular, pois o verbo principal – ou seja, aquele que traduz a ideia principal – continua a ser o verbo «haver».
Exemplos:
«Vai haver problemas», e não «Vão haver problemas».
«Terá havido muitas divergências», e não «Terão havido muitas divergências».
«Começa a haver problemas», e não «Começam a haver problemas».
«Não deveria haver dúvidas», e não «Não deveriam haver dúvidas».
CUIDADO COM A LÍNGUA!
(continua)
a
In Rocha, Maria Regina de Matos e Costa, José Mário, Cuidado com a Língua, Oficina do Livro, Cruz Quebrada, 2008, pp 151-152

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